Maitê Proença fala sobre erros em peça autobiográfica: “Me equivoquei tanto”

Maitê Proença, de 64 anos, estreia sua peça O Pior de Mim, nesta sexta-feira (23), no Teatro Prudential, no Rio de Janeiro, depois das temporadas digitais de sucesso. O espetáculo foi concebido no momento mais crítico da pandemia pela atriz, que viu na dificuldade uma oportunidade de se reerguer pela arte. Na entrevista, a atriz também fala do seu primeiro romance homoafetivo com a cantora Adriana Calcanhotto.

Era o princípio (da pandemia), eu não colocava o nariz para fora de casa, minha filha carregava minha primeira neta na barriga, era a única pessoa que eu via, quando nos visitávamos, muito raramente, e eu não podia contaminá-la. Estava sozinha e com medo da volta que o mundo deu, do desconhecido, do futuro”, admite ela, que vê na solidão uma das maneiras de se aprofundar no autoconhecimento.

“Sou uma buscadora do autoconhecimento, é minha praia, com ou sem pandemia. Mas com as fakenews em alta, as pessoas enclausuradas e limitadas às mídias sociais – um mundo de gente feliz, repleta de amigos bem-sucedidos – e aos reality shows, com personagens bem pensados para ganhar o milhão, expor o pior de mim seria um antídoto para mentira toda”, acredita.

Maitê quis mostrar uma leitura mais real de si ao se expor no texto autobiográfico. “Tomei uma injeção de coragem e fui olhar onde eu errei pesado. Porque me equivoquei tanto. Porque ergui muros onde eu devia ter construído pontes? O que eu não via que só enxergo agora? Quando todo mundo assistia a uma estrela radiante e bem-sucedida, o que de fato estava acontecendo por dentro? Tudo isso eu coloquei na peça e no livro, que é diferente da peça, mas partiu do mesmo rascunhão”, relata.

Falar sobre dores e medos diante do público, para ela, tem ajudado a cicatrizar feridas do passado. “Acho que cada vez que faço no palco, sai mais obstáculo do meu corpo”, relata Maitê, que elege a escolha de seguir a carreira artística como uma de suas decisões mais difíceis na vida: “A escolha de ser atriz e ter que lidar com a exposição pública, quando não havia nem começado a lidar com as feridas internas”.

Com mais de 40 anos dedicados à arte, Maitê não se esforçou para não deixar seus problemas pessoais interferirem no seu profissional. “Sou uma otimista, acordo cantando. Fiz opção pela alegria. A vida nem sempre facilita, mas se a gente quiser, olha os perrengues de forma que consegue lidar com eles.  Olhar para fora em vez do umbigo também ajuda muito. O mundo é vasto e interessante”, define.

O Pior de Mim ainda fala da mulher de 60 anos, de machismo e misoginia. Maitê se libertou de todas essas amarras ao se permitir viver um romance com outra mulher na atual fase da vida. Para ela, o assunto é uma novidade, mas não é tratado como um tabu. “Estou me relacionando com uma pessoa (Adriana Calcanhotto) que por acaso é mulher.  Eu gosto de homem, minha tendencia é essa, mas gostei dela e ela gosta de mulher, então…”, justifica.

Seu próximo passo será lançar um livro sobre todos os temas abordados no espetáculo, com a inclusão dos seus dilemas atuais. “É um livro tipo vira-vira, com duas frentes. De um lado O Pior de Mim, do outro Uma Vida Inventada, revisitado. Está tudo em um mesmo volume porque um é o presente, e de certa forma, o futuro do outro. A concepção gráfica é do artista Ronaldo Fraga, e está uma beleza. Já vale pela capa”, conclui.

Maitê Proença (Foto: Divulgação/ Dalton Valerio)

Fonte Click PB

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